quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Porco no Rolete – De Toledo à Marquês de Sapucaí




Autor: HMS

Foi em maio de 1974 que Celeste Vivian anunciou ao grupo de amigos, frequentadores do Clube Caça e Pesca em Toledo, a criação de uma “técnica” para assar um porco inteiro recheado.
Para provar, o saudoso agricultor desafiou os colegas a prepararem uma receita melhor que a sua,
assando um porco em um espeto de madeira girado manualmente sobre um braseiro
por mais de 20 horas. Desafio aceito, quatro equipes foram formadas para disputar o “concurso” gastronômico.
E não deu outra: com seu porco recheado temperado com ingredientes “secretos”,
o próprio criador da competição faturou o prêmio. O que ninguém esperava é que a brincadeira
acabaria produzindo uma receita que se tornaria célebre em todo o Paraná. Um prato, enfim,
que acabou por se transformar na grande referência gastronômica de Toledo.
Em 1976, o excêntrico “Torneio do Porco” chamou a atenção da mídia. Uma equipe de reportagem de
Maringá foi a Toledo para gravar uma matéria especial para o “Fantástico”.
Segundo Waldemiro Merlo, mais um organizador pioneiro do concurso, a entrevista não durou
mais do que um minuto, tempo suficiente para que a repórter tentasse arrancar do
“Doutor em Porco” (autodenominação de Celeste Vivian) os segredos da receita campeã.
“O senhor poderia ao menos nos contar um ingrediente usado para temperar o porco?”,
insistiu a jornalista. “Claro”, respondeu Celeste (que era conhecido pela veia humorística): “o sal”.
Depois disso, o porco correu o mundo. Foi preparado em vários lugares do Brasil, do Paraguai a
Memphis, nos Estados Unidos, representando o país no World Championship Barbecue,
que reúne anualmente mais de cem mil pessoas para provar pratos elaborados com carne suína.
Mas foi em 1995 que o Porco no Rolete chegou à apoteose, ou melhor, à Praça da Apoteose.
Convidada pela escola de samba Grêmio Recreativo Unidos da Ponte, uma comitiva de assadores
saiu de Toledo para levar o prato típico à Marquês de Sapucaí.
Intitulado “Paraná – Esse Estado leva a sério o meu Brasil”, o enredo da escola cantava
o barreado, o chimarrão, as Cataratas do Iguaçu, a Rua das Flores e o Porco no Rolete.
Das dezoito agremiações que participaram, a Unidos da Ponte ficou na décima quarta colocação.
Talvez o resultado não deva ter agradado o carnavalesco Washington Luiz, mas com o
Porco no Rolete no refrão, a Unidos da Ponte permaneceu na divisão de elite do carnaval carioca.
Fonte da minha inspiração (me leva) A suave brisa me embala A natureza, a riqueza dos teus grãos (Paraná) É jóia rara Voa gralha azul! Semeia o pinhão Os imigrantes fecundaram esse chão Rainha das flores, musa dos amores Curitiba, eu te quero muito mais!... (bis) Tem fandango no samba Barreado e chimarrão (bis) Tem porco no rolete, "é do cacete" É muito bom Eu vou sambar, a muamba vai passar Mas esse estado leva a sério o meu Brasil (Brasil, Brasil) Lindas casas de madeira De um povo hospitaleiro e tão gentil Cataratas do Iguaçu Beleza que fascina os corações Rua das Flores, o teatro transparente Delírio de grandes emoções Gira carrapeta Muita água vai rolar (bis) A Boca Maldita falou Força vem do Paraná
Em 45 edições, a Festa Nacional do Porco no Rolete segue firme no Clube Caça e Pesca e
atrai milhares de turistas que se deliciam com nada menos do que 350 porcos caprichadamente
assados no braseiro.

Em tempo Parece que até hoje o ponto alto do festerê, que acontece em setembro, continua sendo o concurso do Melhor Recheio exatamente como nos tempos do Seu Celeste.

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