segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Organizar eventos não é brincadeira: profissionalismo é fundamental


Por Jonny Stica (*)

A sucessão de erros que levou à tragédia de Santa Maria pode acontecer em muitos outros lugares, e Curitiba não está imune a isso.

Tudo está interligado. Práticas comuns nas casas noturnas, como o sistema de consumação “paga depois”, retardaram ainda mais a saída dos clientes da boate gaúcha. Os seguranças muitas vezes pensam que qualquer ato atípico é “malandragem” do cliente, impedindo sua saída.

Há apenas alguns meses, na saída de um bar curitibano, um acidente envolvendo um segurança da casa e um menino assustado, que fugiu ao não ter todo o dinheiro para pagar o que consumiu, levou à amputação da perna do rapaz.

A consumação paga na saída também costuma criar filas em estabelecimentos. E, na hora de ir embora, todos ficam agoniados por não poderem sair quando desejam, causando maior risco de tumultos. Quem já não passou por isso em algum bar ou show em Curitiba?

No sistema de fichas, consumação prévia ou recarga da consumação, como corretamente já fazem alguns bares, esse risco não acontece. Os bares não mudam isso porque avaliam que, quando o consumo é pago depois, o cliente só vê a conta quando já gastou e bebeu tudo que podia, resultando em maior consumo.

Outros erros são óbvios no caso de Santa Maria: a má sinalização da saída de emergência; a porta que, segundo relatos, não abria completamente; extintores que não funcionavam adequadamente. E outro erro, ainda mais grave: show pirotécnico em um lugar fechado. Percebe-se que era um espaço despreparado e não compatível com um evento profissional.

Em mais de três anos de discussão sobre a abertura da Pedreira Paulo Leminski, aprendi e constatei que os eventos frequentemente não são organizados por profissionais. Em muitos shows, mesmo na Pedreira, os realizadores eram meninos inexperientes, brincando de fazer eventos. O caso mais detestável e que ainda nos assombra foi o tumulto que, em 2003, deixou três jovens mortos e muitos feridos no espaço do Jockey Club.

Por isso, é bom que agora uma empresa de grande porte e profissional seja a responsável pelos shows na Pedreira e no Parque Náutico. A reinauguração da Pedreira, que pode ocorrer já em março próximo, somente acontecerá se for em um evento seguro para todos.

Com o respaldo de ser vereador, membro da Comissão de Urbanismo e Obras Públicas e idealizador da campanha “A Pedreira É Nossa!”, fiscalizarei de perto todos os processos da organização. O que combinamos no acordo para a reabertura, principalmente sobre segurança e normas de bombeiros, terá que ser inteiramente cumprido.

Além da Pedreira, que caminha bem em suas obras de readequação, também é necessário que todos os espaços de eventos de Curitiba sejam fiscalizados, o que já será feito conforme determinou o prefeito Gustavo Fruet. A Lei Municipal de Grandes Eventos também precisa ser atualizada.

Assim como em muitos municípios do Brasil, Curitiba também terá sua responsabilidade aumentada a partir de agora. E nós, vereadores, teremos um trabalho muito importante nesse sentido.
(*) Jonny Stica é vereador em Curitiba, arquiteto e urbanista

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