Rodrigo Wolff Apolloni para a Gazeta do Povo
Dia desses, em um final de tarde chuvoso, resolvi pegar um táxi. Como não gosto daquele “clima estranho” que se instala quando passageiro e motorista não conversam – aquela coisa meio tensa –, resolvi falar. Comentando (tema essencial) a dificuldade de encontrar táxis em Curitiba quando a gente mais precisa deles. Animado, o motorista observou: “O senhor já viu os pontos pela manhã ou no meio da tarde? Eles ficam lotados de carros. O problema acontece, mesmo, nos finais de semana e nos dias de frio e chuva. Fora disso, é marasmo.”
De fato, eu não havia examinado os pontos em dias mais tranquilos, até porque, nesses momentos, a gente não costuma precisar de táxi. Aceitei a afirmação para saber o que viria em seguida. E perguntei: “Diante disso, como o senhor pensa que seria possível resolver o problema dos horários de pico?” A resposta, certamente refletida ao longo de muitas jornadas e conversas, foi direta: “Basta colocar carros extras para rodar só nos momentos de maior demanda. Com isso, teria táxi para todo mundo. Passou o horário de pico, esses carros voltam para a garagem”. Intrigado, devolvi: “Mas como seria possível controlar a entrada e a saída dos carros nos horários de pico? E se o motorista resolver entrar mais cedo ou fazer hora extra?” Magnânimo, o motorista respondeu: “Fácil. Basta mudar a cor desses táxis, ou, então, pintar uma faixa diferente na lataria. Assim, quem estivesse na rua antes ou depois da hora poderia ser identificado e multado.”
Perguntei sobre o impacto econômico de se ter carros parados por muitas horas e recebi uma rápida descompostura: “Ah! Eles já ficam parados nos pontos por todo esse tempo”. Diante dessa certeza, confesso, acabei contaminado pela ideia – táxis estratégicos, roxos ou verdes, seriam legais. Não imagino, no entanto, o que pensam os permissionários do serviço, e nem a prefeitura. A questão está posta.
Antes de chegar em casa, ouvi ainda outras duas sugestões: 1) reduzir a presença das vans, principalmente as que prestam serviços para hotéis em grandes eventos e que, segundo ele, “matam” os taxistas; 2) permitir a circulação dos táxis nas canaletas exclusivas para os ônibus, em especial nos horários de pico. Sobre essas ideias, confesso, não formei opinião, até porque já estava pagando a corrida. Na verdade, elas não me pareceram tão interessantes. Sobre as vans, confesso que não sei, nunca precisei usar uma em Curitiba. E a história das canaletas soou iconoclasta. Algo que pode nem estar associado a critérios técnicos, mas ao costume de ver os expressos navegando mais livres pela cidade.