sexta-feira, 25 de março de 2022

“Cidades devem ser pensadas para todos, não apenas para quem tem 30 anos”

Gil Peñalosa



Com informações da assessoria do Smart City Expo

“Temos que encarar a realidade: a imensa maioria das cidades não é sustentável, para não dizer que são medíocres. Precisamos criar cidades radicalmente diferentes. Hoje, vivemos a oportunidade trazida pela pandemia, forçando um cenário de mudanças que levaríamos décadas para implantar. Precisamos de comunidades saudáveis dos 8 aos 80 anos: boas cidades para todos, não apenas para pessoas de 30 anos.”

O alerta é de um dos mais prestigiados urbanistas do mundo, o colombiano Gil Peñalosa, palestrante que apresentou o painel de abertura do Smart City Expo Curitiba 2022, maior evento brasileiro de cidades inteligentes. Fundador e presidente da organização canadense sem fins lucrativos 8 80 Cities, Peñalosa tem atuação em 345 cidades pelo mundo. “O nome 8 80 Cities traz justamente essa necessidade de inclusão de pessoas de todas as faixas etárias. É preciso praças e parques para vivermos em comunidade, com qualidade de vida, interação social e prática de esportes. E em todos os bairros da cidade, não apenas para os mais abastados. Pessoas vulneráveis não vivem em suas casas, que costumam ser muito reduzidas. Elas apenas dormem lá. Toda nossa vida é feita durante o dia, pela cidade”, analisa.

De acordo com Peñalosa, a pandemia chegou quando pensávamos em cidades inteligentes e mudanças climáticas. “Alguns dizem que tudo mudou. O que mudou foi a nossa percepção, em que o ‘invisível se tornou visível’. Sentimos mudanças negativas, como a falta de equidade, mas também, mudanças positivas, como o ar mais limpo quando havia menos carros circulando nas cidades. Vimos também cidades fazendo transformações que antes não faziam, alegando falta de verba, informação ou cultura. Algumas criaram redes de ciclovias protegidas em certos dias, transformaram campos de golfe em parques públicos em 24 horas, converteram ruas em zonas livres de carros em áreas com falta de parques.”

Para o urbanista, a segurança dos espaços públicos de convivência deve ser pensada a partir do convívio com as crianças. “Gosto de propor uma reflexão: você levaria um parente de 8 anos para a praça do seu bairro? Ela é segura para ele? Se a resposta for positiva, é um bom sinal. Além disso, precisamos fomentar ainda mais as políticas de ciclovias, com redução da velocidade nas vias de automóveis. Bicicletas não segregam, não importa qual modelo você tem, diferente dos automóveis. É mais democrático e reduz o número de carros: hoje 1,3 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito todos os anos. As smart cities devem resolver problemas como esse. Precisamos de ações e exemplos que inspirem outras cidades. Então, Smart City Expo Curitiba, vamos agir agora!”, provocou.

A 3ª edição do Smart City Expo Curitiba 2022 deve reunir 10 mil pessoas de 30 nacionalidades nos dias 24 e 25 de março, no Centro de Eventos Positivo (Parque Barigüi), somando público presencial e remoto. O congresso internacional conta com 95 palestrantes de 10 países e a feira reúne 50 empresas que vão expôr soluções inteligentes para problemas urbanos. O evento é organizado desde 2018 pelo iCities Smart Cities Solutions – hub de negócios e soluções em cidades inteligentes pioneiro no Brasil. 

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