quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Tarsila, a artista brasileira mais valorizada do mundo



Com informações da Factoria Comunicação

Durou cerca de 15 minutos a disputa por A Caipirinha, de Tarsila do Amaral. Após 19 lances, a obra foi vendida por 57,5 milhões de reais, estabelecendo um novo recorde para a arte brasileira. Este é o maior valor já pago por uma obra em venda pública no Brasil - o recorde anterior pertencia ao pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), cuja tela ‘Vaso de Flores’ foi arrematado em 2015 por R$ 5,7 milhões. Adquirida por um colecionador brasileiro, ‘A Caipirinha’ deverá permanecer no país. 


O público tem ainda uma última chance para conhecer ao vivo a obra-prima da pintora modernista. Ela fica em exposição até amanhã, na Bolsa de Arte (Rua Rio Preto, 63, São Paulo), das 11 às 19 horas.


Em 1923, em carta enviada à família, a paulista Tarsila do Amaral (1886-1973) dizia: “Quero, na arte, ser a caipirinha de São Bernardo, brincando com bonecas de mato, como no último quadro que estou pintando”. A artista se referia à fazenda onde cresceu e à pintura A caipirinha (óleo sobre tela, 60 cm x 81 cm), produzida naquele ano, um após a Semana de Arte Moderna.

 

"Nunca houve uma obra dessa relevância e deste valor sendo vendida no Brasil, por isso o leilão deve gerar uma grande expectativa. Até então, os dois recordes de vendas públicas no país eram de Superfície Modulada nº 4, de Lygia Clark, que alcançou R$ 5,3 milhões em 2013, e Vaso de flores, de Guignard, arrematada dois anos depois por R$ 5,7 milhões em valores da época", destaca Jones Bergamin, presidente da Bolsa de Arte


Um dos nomes centrais da pintura brasileira do século 20, Tarsila garantiu sua posição no olimpo das artes visuais ainda em vida. Participou das bienais de São Paulo (1951,1952 e 1963) e Veneza (1964), a mais importante do mundo, e foi tema de duas grandes retrospectivas no Brasil - uma no MAM SP, em 1950, e outra (Tarsila, 50 anos de pintura, com curadoria de Aracy Amaral) dezenove anos depois, no MAM carioca e no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Mas foi só postumamente que suas obras atingiram cifras extraordinárias.  


O marco dessa escalada se deu em 1995, quando o empresário argentino Eduardo Costantini adquiriu o Abaporu (1928) por US$ 1,3 milhão (cerca de US$ 2,2 milhões em valores atuais) durante um leilão em Nova York. Presente de Tarsila para o marido e poeta Oswald de Andrade e ícone inaugural do Movimento Antropofágico idealizado por ambos, o trabalho passou a integrar a coleção do Malba - Museu de Arte Latina de Buenos Aires, fundado por Costantini em 2001, do qual se tornou a principal atração.


Em 2018, o MoMa - Museu de Arte Moderna de Nova York realizou a exposição retrospectiva Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil, com curadoria de Luis Pérez-Oramas e Stephanie D’Alessandro, que reuniu uma centena de trabalhos e foi a primeira no país dedicada à artista. No ano seguinte, o museu incorporou à sua coleção a obra A Lua (1928), por um valor que, especula-se, beirou os US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões). Ainda em 2019, foi a vez do MASP – Museu de Arte de São Paulo realizar Tarsila Popular, a mais ampla exposição já dedicada à artista no Brasil, com 92 obras, e recorde de público na história do museu, com 403 mil visitantes. Em novembro de 2020, a pintura Idílio (1929) esteve à venda na versão online da Tefaf – The European Fine Art Fair por US$ 7 milhões.




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