De tão presentes e influentes no processo civilizatório de alguns povos, há ingredientes que da simples condição de alimento tornam-se elementos de identidade de um povo – tal como o arroz entre os orientais ou o cultuado milho na América do Norte. Pela sua origem e difusão, em diferentes momentos da história da América do Sul, o charque pode (e por que não arriscar?) ser elevado a símbolo histórico- gastronômico do nosso continente. Herança dos antigos povos andinos, a técnica do charqueado consistia em manter fatias de carne, frutas, legumes e peixes expostas ao sol, sem salgar. Com a expansão do domínio europeu no território sul-americano, surge uma nova necessidade. Sem o sal, o charque tinha uma vida útil limitada e não servia ao comércio, o que explica o surgimento, já no século XVIII, de ranchos de sal para fornecer a manta de carne para as crescentes populações de escravos em Cuba e no Brasil. Em 1856, a história registra que um consórcio luso-brasileiro encabeçado pelo Barão de Mauá comprara uma extensa área na Argentina (arroio San Ignacio - hoje Mar Del Plata) com cento e quinze mil cabeças de gado e um grande rancho de sal. No Brasil, o charque seguiu a rota tropeira por duzentos anos, (entre os séculos XVII e XIX). Dos pastos do Rio Grande do Sul chegou aos mercados de Minas Gerais e São Paulo e na Feira de Sorocaba. Em suas paradas pelo Paraná ficou conhecido em União da Vitória, Castro, Cascavel, Lapa e Ponta Grossa. Era consumido nas rodas de chimarrão com feijão, toucinho, farinha, fubá e café. Segundo a antropóloga Márcia Scholz de Andrade Kersten da UFPR, o comércio do charque, assim como da “couraria”, ajudou a incrementar a economia dos estados do Sul que até então viviam da venda de mulas e do gado em pé. Por tudo isso, o charque é destacado indutor dos nossos ciclos históricos e econômicos. :: no idioma inca quíchua, a palavra charqui significa seco e magro. Em inglês o charque é conhecido como Beef Jerky e no Brasil é também chamado de carne seca.
Espeto de Charque com Abóboras
Ingredientes 300g de charque cortado em cubos médios (traseiro) 300g de abóbora tipo moranga em cubos 2 espigas de milho verde cozidas 2 cebolas roxas em cubos 4 colheres de sopa de melado de cana 1 dose de cachaça 200g de farinha de mandioca 100g de bacon picado 1 dente de alho Cebolinha picada a gosto Palitos de madeira para churrasco
Preparo Para dessalgar a carne, coloque-a numa travessa e cubra com água fria. Troque a água de duas em duas horas por 4 vezes. Reserve. Corte as espigas em rodelas e cozinhe até que fiquem macias. Refogue numa frigideira o alho picado e o bacon, junte farinha e faça uma farofa. Reserve. Espete nos palitos os cubos de carne, cebola, abóbora, milho, repetindo até o final do palito. Em uma frigideira quente, grelhe o espeto até que fique dourado. Ao final, flambe com cachaça. Para servir, escorra o melado de cana e cebolinha no espeto. Sirva com farofa.
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