A MALA MEXICANA
Apesar do título este não é um post sobre algum romance de época ou filme de aventura hollywoodiano. Mas esta história, que me chamou atenção hoje, tem todos os elementos para tanto um livro ou filme.
Ao final da Guerra Civil Espanhola, em 1939, o então presidente do Mexico libertou espanhois republicanos que estavam em prisões francesas. Estes ex-dententos foram então levados para o Mexico e entre eles foi uma tal mala (ainda não sei por que!). Em 1940 esta mala chega as mãos de um general mexicano, que ao abri-la encontrou três caixas de negativos fotográficos. O nobre general não deu importancia. Até que, em idos de 2007, decendentes do general foram revisar as caixas de negativos. Eles acharam fotos que documentavam a guerra civil dos anos 30 na Espanha. Então enviaram os 126 rolos de negativos que estavam nas caixas (que estavam na mala) para o ICP em Nova Iorque, e lá descobriram que os autores das mais de 4500 fotos eram nada menos que Robert Capa, Gerda Taro e David Seymour. Mas e daí? Para refrescar a memória, Robert Capa e David Seymour fundaram anos mais tarde a super-agencia de fotografia Magnum (junto com HCB) e foram nomes de destaque na chamada fotografia de guerra no século XX cujo trabalho influenciou 10 entre 10 fotógrafos documentaristas que vieram depois. Nas fotos pode-se observar os três fotografos, que arriscaram suas vidas, no início de suas "carreiras", assim como momentos nunca antes vistos daquela guerra. De brinde ainda descobriram retratos inéditos de Ernest Hemingway, Frederico Garcia Lorca além de retratos do próprio Capa.
E a moral da história? Acredito que Robert Capa e David Seymour já tenham seus nomes na história da fotografia e estes novos achados não afetam seus lugares de destaque, nem para mais ou para menos. E estas histórias de caixas perdidas já esta ficando um tanto chata (fora fotos dos Beatles que "aparecem" todos os anos, no ano passado "acharam" fotos perdidas de Ansel Adams em uma garage sale na California para depois de uma analise cuidadosa descobrirem que não eram do Sr. Adams). O fato aqui é o negativo, aquela coisa em processo de extinção, ter provado sua durabilidade e conservar imagens que por 70 anos sobreviveram a oceanos, malas e caixas.
Será que em 2080 acharão HD's perdidos de Sebastião Salgado ou James Nachtwey?
Veja a exposição The Mexican Suitcase no ICP; ou confira a exposição se você passar pelo festival de Arles na França até dia 18 de Setembro. Quem sabe um dia o MON traga para nós.
Rafael Dabul - fotografo
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