Os equipamentos obviamente sempre tiveram um papel importante, há uma excelente discussão sobre eles no livro de Vilém Flusser, A Filosofia da Caixa Preta. Mas além deste papel central sempre houve muito fascínio pelos equipamentos, algo semelhante a uma criança que ganha um novo brinquedo; e este fascínio muitas vezes é tão exagerado que a fotografia em si fica em segundo plano. É comum ver pessoas se gabando do que elas têm ou reclamando de não poder ter o que gostariam. Naquela remota época dos filmes ter equipamento se restringia a uma camera e lentes, mas hoje nesta áurea época digital há mais ítens para se idolatrar como catões de memória, computadores potentes, leitores de cartão e a lista segue sem fim.
Semana passada vi este adaptador de lentes para iPhone. Tenho dúvidas para que serve essa coisa. Pois se você fotografa com um iPhone, é pela comodidade da mobilidade e tamanho reduzido do equipamento; se você fotografa com uma camera que usa essas lentes é porque se busca qualidade e não se importa com o tamanho do equipamento. Então, novamente, para que serve isso? A única conclusão que chego é que essa coisa é para aqueles que amam, idolatram e se deixam levar por equipamentos. Só pode ser isso!
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Hoje abre a exposição do Brassaï no MON, em Curitiba. É uma excelente oportunidade para ver o que um fotógrafo pode fazer, independente do seu equipamento. As preocupações dele eram outras: estética, qualidade de iluminação, o assunto retratado. Claro que havia o equipamento, mas este era somente um instrumento para as suas ideias.
Não basta poder desembolsar mais de R$3000 (preço mínimo de uma DSLR semi-profissional) para se dizer fotógrafo, que é o que mais acontece nos últimos tempos, pois ter um equipamento é somente ter um instrumento. O importante é o que se faz com este instrumento, o que dizer com uma fotografia, como usar a luz (foto - grafia) para expressar ideias e conceitos.
Rafael Dabul - fotógrafo
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