segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Juliana Burigo: das galerias para a galeria

No próximo sábado, dia 03 de março, a artista faz a apresentação oficial da obra “O Teatro da Passagem”
Quem utiliza o terminal de transporte coletivo do Campo Comprido já pode contemplar o trabalho da artista plástica Juliana Burigo. A obra é o carro-chefe do projeto “O Teatro da Passagem”, proposto para o edital “Travessias Subterrâneas”, da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Dentre todos os participantes, Juliana é a menos envolvida (pelo menos, até a realização de “O Teatro”) com arte de rua. Juliana, aliás, contesta a existência de uma fronteira entre a arte “acadêmica” e a arte “urbana” ou “de rua”.
“Não acredito que exista ‘arte de rua’. O fato de a obra acontecer na rua ou no museu não lhe confere identidade ou legitimidade. Meu interesse não está em categorizações e, sim, na pesquisa artística.” No dia 06 de março, no Solar do Barão, Juliana participa de um bate-papo em que abordará esse e outros aspectos ligados à sua arte. O encontro também terá a apresentação de um vídeo e a distribuição de uma publicação sobre seu trabalho.


 
A obra – A obra no Campo Comprido é composta por dois desenhos que se relacionam com os trinta metros da galeria subterrânea que conecta os dois blocos do terminal. Ao circular pela passagem, os observadores fazem contato com longas linhas sinuosas. “As linhas percorrem o espaço não apenas delimitando-o, como também tencionando seus limites por meio de curvaturas, extensões e pontos de encontro. Uma linha se junta a outra e forma um círculo, por exemplo, em desenhos que mudam de acordo com o ponto de vista”, explica.
Juliana usou máscaras e tinta automotiva rosa/magenta, em uma tonalidade criada especialmente para “saltar aos olhos” de quem circula por entre as paredes de concreto. “Na passarela, a cor tradicional da parede é pensada para disfarçar imperfeições, escondendo ou atenuando defeitos. A cor que usei acaba por destacá-los, evidenciando as superfícies por onde passa: os buracos e grafismos no teto e nas paredes de concreto, um papel colado, o chão de petit pavê com um parafuso incrustado...”, observa a artista. Os observadores mais atentos podem parar e admirar as texturas e efeitos, mas, por sua extensão, a arte também toca os que estão de passagem.
Os visitantes também podem pegar um folder, com texto da artista plástica Lívia Piantavini, que os auxilia a compreender o espírito de “O Teatro da Passagem”. O folder, aliás, pode ser montado, reproduzindo a galeria e a obra.
Arte e mobilidade - A iniciativa da FCC busca aproximar as pessoas da arte, tirando os trabalhos de seus espaços tradicionais e os levando para ambientes “profanos” da cidade. O objetivo é provocar estranhamento e despertar o espírito crítico e estético. Apenas para se ter uma ideia do alcance da proposta, o terminal do Campo Comprido, palco de “O Teatro da Passagem”, é servido por 19 linhas de ônibus, com frequência média de 38,5 mil passageiros/dia.
Ao todo, cinco grupos de artistas participaram com intervenções nos terminais do Capão Raso, Vila Hauer, Campina do Siqueira, Campo Comprido e Cabral por meio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura. A temática varia, tendo em comum a busca de uma reflexão sobre questões da contemporaneidade e da vida nas grandes cidades.
De acordo com Roberto Alves, coordenador de Artes Visuais da FCC, o edital faz parte de um projeto desenvolvido com mais intensidade desde 2006. Já houve iniciativas promovendo grafite, estêncil e interferências no vidro traseiro dos ônibus e, mais recentemente, nos terminais do transporte coletivo. “Temos uma parceria de sucesso com a Urbs porque, além de tudo, nossa proposta revigora os espaços”, acrescenta o coordenador.
 

A artista - Juliana Burigo nasceu em Curitiba em 1981 e graduou-se em Gravura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) em 2004. O trabalho no terminal do Campo Comprido é a segunda exposição individual de sua carreira. A artista já participou de diversas coletivas, entre elas “O Estado da Arte: 40 anos de Arte Contemporânea no Paraná – 1970-2010”, “Expresso 2000” (Museu Oscar Niemeyer, 2010); a 5ª Bienal Vento Sul no Centro Cultural Solar do Barão (2009) e o 60° Salão Paranaense (2003).

Serviço:
Apresentação da obra “O Teatro da Passagem” de Juliana Burigo
Data: sábado - 03/03/2012
Local: Terminal do Campo Comprido
Horário: das 15h às 18h


Bate-papo com Juliana Burigo
Data: 06/03/2012
Horário: 19h
Local: Solar do Barão
Endereço: Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 - Centro
(41) 3321-3269 - (41) 3321-3240



Informações da Casa6 Comunicação

Nenhum comentário: